Tuesday 25 May 2010

Julia?

Vivo em uma redoma de açúcar e contos de fadas. Apaixono-me fácil e desapaixono-me devagar. Todos os meus sonhos são quebradiços, e mesmo assim continuo sonhando e almejando os mesmos desejos de papel. Meus conflitos não são diferentes dos de qualquer garota da minha idade, talvez em tons mais profundos, porém iguais. Sofro muito, e a toa. Ajo quando devo pensar e penso demais quando devo agir. Mirabolo centenas de hipóteses a partir de um acontecimento tolo, e quando me vejo, estou chorando todos os cacos de uma vontade mal formulada e de uma existência vazia. Tenho um medo de ser rejeitada tão fora do normal que vejo retaliações e críticas por todos os lados. Fecho-me em minha ostra tentando preservar o menor resquício de pérola que eu possa vir a ter, mas quando percebo que não há nada, sinto-me o ser mais desprezível do mundo. Cometo sempre os mesmos erros, e nomeio isto minha personalidade - não há defeito mais horrível e imaturo que este. Fujo da minha responsabilidade de ser humano ao dizer " eu sou assim, nada me mudará". Síndrome de Gabriela? Estranho, pois sou sempre aquela que pergunta a todos o que veem de errado e o que sente falta em mim. Eu juro que tento mudar-me a partir destas opiniões requisitadas , e as vezes tiradas à força ( nada como a insistência pedante de uma adolescente em crise), mas sou fraca e covarde, a ponto de arquivar todas estas visões. Boicotar-me e segregar-me antes que outra pessoa venha e isto faça foi o melhor caminho que pude achar até agora. Meu físico não me agrada, apesar de saber que sim, sou desejada por muitos. talvez porque só eu, em minha intimidade, saiba exatamente como meu corpo é, e fora os defeitos existentes ( não poucos) eu estou sempre a achar mais um. Claro que sei que ninguém é perfeito, mas eu quero ser, e exijo de mim essa perfeição forçada e deforme. Resultado? Monto uma personagem idealizada, e de tempos em tempos me confundo com essa deusa infeliz. Passo horas imaginando meu futuro, tentando adivinhar se serei realmente do modo que pretendo, mas sei que não. Nasci assim, não adianta, morrerei assim. Mas continuo tentando e a cada fracasso fecho-me mais. Ao mesmo tempo que quero tenho medo de criar vínculos, talvez por causa de uma amizade que há muito me machucou. Ela era linda, inteligente e todos gostavam dela. E sei que ela também pensava isto de mim, a Julia é linda, inteligente e dela todos gostam ( não todos, isso foi num período meio turbulento, que ajudou a me encarcerar dentro de mim mesma e construir à minha volta uma teia de mentiras e necessidades sociais que por mais fortes que tenham me tornado enfraqueceram meu caráter de modo irreparável). Porém, ao invés da habitual inveja que uma situação como essa geraria nós criamos laços tão profundos que a distância dos anos (e agora a geográfica) não me impediram de torná-la minha maior confidente mais uma vez. Sinto-me feliz ao ver isso retornando, mas o que esse retorno pode ocasionar ao meu emocional ainda é um mistério. O medo de pular, já meu conhecido de tanto tempo, mostra-se cada vez mais doloroso quando o coração está envolvido. Desejo uma pessoa mas sei que não posso demonstrar, apenas se ele também o fizer, do contrário serei rejeitada mais uma vez. Claro que deixo transparecer da forma mais ingênua e apegada: ligo, mando mensagens pseudo-sedutoras, mas em verdade totalmente chorosas. Vivo dizendo " eu sei controlar meus instintos"! porém é mentira, nunca pe percebível nossa falta de auto-controle em situações banais. Mas, sob a perspectiva de se viver um romance escondido com um homem mais velho e experiente... Ah, aí nossos vultos afloram. Poucas vezes me senti tão vulnerável como agora. Talvez porque nunca tinha vivido uma situação que me permitisse sentir-me assim, ou talvez porque minha vida é tão desinteressante que fico buscando emoções fortes em coisas tão diárias. Claro que essa visão de que o que se passa agora em minha vida e uma aventura romântica é exclusivamente uma visão minha. Não sei se ele me vê como uma distração, se realmente gosta de mim ou se nao faz a menor diferença o final deste libretto. Só sei que essa história vem acontecendo apenas nos últimos dois meses, só o beijei uma vez, um único dia e que isto está me matando. O que aconteceu foi um nada comparado aos amores reais ou aos de ficção, mas em um determinado momento ele cogitou tão rápido o fim desse nada..."para não estragarmos o carinho e a amizade que havíamos conquistado". Por duas vezes ele disse isso. Mais nada sei. Meu peito é um turbilhão de sentimentos retidos ou manifestos a torto e a direito. Aparento ser uma mulher forte? Mentira, choro com o menor ados detalhes, detalhes estes imperceptíveis a qualquer outro mortal exceto essa tola que aqui escreve. As vezes também penso que devia ter nascido uma retirante morta de fome, porque aí sim eu teria reais motivos para ficar chorando pelos cantos da casa, buscando refletores e câmeras celestes, como se meu sofrimento supérfluo e gratuito fosse digno de atenção divina. Cansei de tentar ser diferente e descobrir-me igual a todo mundo. Cansei de tentar ser comum e ver-me sobressaída, assustada e chutada por um mar de pessoas que tentei agradar e não consegui. Meu umbigo não é o centro do mundo, e minha alma não é o microcosmo dos conflitos humanos. Cansei de gritar a plenos pulmões meus defeitos para ouvir tímidos porém insistentes elogios que me acalentam e afagam minha vaidade estúpida. Cansei da minha vaidade estúpida. Mas ainda dela dependo, do contrário desta Julia só restariam meras ruínas. Cansei de buscar minha identidade e acabar por me ver cada vez mais enredada for fúteis mentiras heróicas que nada fazem além de jogar meu ego nas alturas. Cansei do meu ego estúpido. Cansei do meu Eu estúpido. Cansei de mim.

2 comments:

Anonymous said...

Tenho medo mas muito medo de você Júlia Requião !!!

A Friend said...

você tem que parar com isso - sério. não dependa tanto dos outros, tente deixar sua carência de lado; porque vc a deixa transparecer e isso só assusta e afasta as pessoas de você.
dificilmente você vai descobrir quem sou eu; sou uma pessoa um pouco distante, mas falo isso porque realmente me importo contigo. acorda, e perceba que a felicidade depende de você e não das outras pessoas! pare de esconder a sua beleza atrás das reclamações, escreva um blog alegre, descontraído. veja o lado bom das coisas ruins! deixe a insegurança de lado...
e não, seu destino não está determinado. ele depende de você, então não se acomode.

você não está sozinha!