Friday 28 May 2010

"-Exerce realmente má influência, lorde Henry? - perguntou o rapaz, momentos depois. - Tão má como diz Basil?
-Boa influência é coisa que não existe, senhor Gray. Toda influência é imoral... imoral, do ponto de vista científico.
-Por quê?
-Porque influenciar uma pessoa é emprestar-lhe a nossa alma. Essa pessoa deixa de ter ideias próprias, de vibrar com as suas paixões naturais. As suas qualidades não são verdadeiras. os seus pecados, se é que existe o que se chama pecado, vêm-lhe de outrem. Essa pessoa torna-se o eco da música de outra pessoa, intérprete de um papel que não foi escrito para ela. A finalidade da vida é para cada um de nós o aperfeiçoamento, a realização plena da nossa personalidade. Hoje, cada qual tem medo de si próprio; esquece o maior dos deveres: o dever que tem consigo mesmo. Naturalmente, o homem é caridoso. Dá de comer ao faminto, veste o maltrapilho. Mas a sua alma é que sofre fome e anda nua. A coragem abandonou a nossa raça. Talvez nunca a tenhamos tido. O temor da sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião.. eis as duas coisas que nos governam. Contudo...(...) Contudo - continuou lorde Henry, com sua voz grave e melodiosa, abanando curiosamente a mão, em um gesto tão seu, que já tinha no tempo de colegial-, sou de parecer que se o homem vivesse plena e totalmente a sua vida, desse forma a todo sentimento, expressão a toa ideia, realidade a todo devaneio... creio que o mundo receberia um novo impulso eufórico, um impulso de alegria que nos faria esquecer todos os males do medievalismo e voltar aos ideias helênicos... talvez a algo mais belo e mais rico do que o próprio ideal helênico. Mas o mais valoroso dos seres humanos tem medo de si mesmo. A mutilação do selvagem subsiste tragicamente na renúncia que nos estraga a vida. Somos punidos pelo que enjeitamos. Todo impulso que nos empenhamos em sufocar incuba no nosso espírito e nos envenena. Peque o corpo uma vez, e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador. nada restará então, salvo a lembrança de um prazer; ou a volúpia de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Resistamo-lhe e a nossa alma adoecerá ade desejo do que proibimos a nós mesmos,do que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegítimo. Tem-se dito que os grandes acontecimentos do mundo occorrem no cérebro. Também é no cérebro, e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo. (...)" Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray, cap II

Tudo bem que esse carpe diem é falho, mas por si só não deixa de ser um argumento interessante.
Putz, minha cabeça está a mil.

Quer dizer que meus problemas são influência do meio? Sim, se pensarmos que ninguém é original . Até quem quer ser original está copiando alguém ( me disseram isso quinta, logo após me chamarem de 'esteriotipada'. Bernardo, seu filhadamãe. Mas enfim. Juro que estou começando a acreditar que realmente sou). Então eu sou fruto do que absorvi ao longo da minha vida....
Outro dia reparei numa coisa. Nós mudamos. Tá, já repararam nisso antes. Inclusive Heráclito, que está nesse momento sendo sufocado por um marca-página ali, do meu lado, fechado, na minha estante(odeio essa minha mania de deixar livros pela metade). Mas nunca tinha percebido como são grande as mudanças!
Eu guardo papéis. centenas de milhares de porrinhas de papéis, dos mais inúteis e variados. Mas tem alguns que se salvam. Dentre esses, quando resolvo ressuscitar e organizar pelo menos cronologicamente essa papelada(claro que logo depois desisto) sempre encontro um que me faz parar, e pensar " porra, eu já fui assim". Será que fui mesmo? O que prova que a pessoa que passou por aquele momento é a mesma que está aqui? meia dúzia de memórias registradas na cabeça? Juro que se eu não lembrasse que era eu quem estava lá, nunca saberia. Pois não sei se agiria igual. Então, mutando Heráclito: Uma pessoa nunca entra duas vezes no mesmo rio. Porque as águas não serão mais as mesmas, nem você o é. ( aí descobre que nem no mesmo rio está, que você encontra-se 2 km ao norte de onde você estava, e que você não faz a menor ideia de como foi parar ali. Será que você é sonâmbulo ou algo assim? Reflita.)

A vida acaba empurrando a gente para seus caminhos, só para depois por a mão nas cadeiras e dizer com um sorriso enviesado " ha ha ha, eu não disse?"
Bom, na próxima a gente tenta acertar mais.
Mentira, vamos começar logo.
Aceito agora o fato que realmente, minha vida tomou um rumo que eu não havia planejado. Isso já aconteceu antes; porém não com essa Julia. A Julia do Pedro II, Zaccaria, diabo que seja, a Julia de outros momentos, tá morta, mas as cinzas ainda estão aqui dentro. A Julia de hoje é uma acomodada maldita, que se acostumou a não reparar nos problemas (reais) e de fato crer que eles não existem. Os reais, porque essa daí tem a mania péssima de encontrar empecilhos idiotas em tudo. Morre também, desgraçada.
Momento fênix.
E rápido, antes que Urano entre retrógrado em Peixes. Ok, dane-se meus momentos astróloga.
Vou dormir.

Comentário

"
Anonymous A Friend said...

você tem que parar com isso - sério. não dependa tanto dos outros, tente deixar sua carência de lado; porque vc a deixa transparecer e isso só assusta e afasta as pessoas de você.
dificilmente você vai descobrir quem sou eu; sou uma pessoa um pouco distante, mas falo isso porque realmente me importo contigo. acorda, e perceba que a felicidade depende de você e não das outras pessoas! pare de esconder a sua beleza atrás das reclamações, escreva um blog alegre, descontraído. veja o lado bom das coisas ruins! deixe a insegurança de lado...
e não, seu destino não está determinado. ele depende de você, então não se acomode.

você não está sozinha!

28 May 2010 12:58

Delete"
Acredito que tudo são fases. E que eu tendo a poetizar demais as situações. A culpa é do meu pai, que não me dava brinquedos e eu tinha que inventar situações loucas para me divertir, daí peguei a mania de imaginar muito em cima de pouco.
Realmente sei que isso passa, me disseram outro dia que meu maior problema é que eu era muito adolescente - risos. Sei que você - my friend - está mais que certo, eu sou a maior imbecil otária do mundo, por deixar que a insegurança me tome e me faça ficar me xingando sem fim. Ops! Droga, fiz de novo.

My friend, você, mesmo distante, me conhece. E quando falo conhece digo que você (me)deduz corretamente. Foi um grande 'acorda', na hora exata, engraçado como as coisas nos recorrem, reincidem, de tempos em tempos, ou tudo de uma vez. Um momento encarando o espelho, uma cochilada no ônibus voltando do curso, dois telefonemas( um deles bem crítico, me fez enxergar algumas coisas), um texto de um livro e agora seu 'acorda'. Todos esses elementos, somados, vão me fazer ter uma grande auto-crítica, daqui a pouco, quando eu sentir que to quase desmaiando e resolver deixar meu corpo dormir um pouco. Vou me deitar e começar a pensar em cada fator separadamente, e depois todos juntos. Óbvio que vou interpretar tudo errado, sou mestra em fazer isso, mas amanhã fico escrevendo em código no meu caderninho-diário, vou refletir uma segunda vez, e daqui a uns anos quando achar esse caderninho enfiado em algum lugar da casa e resolver decifrar irei pensar " caralho, que garota idiota. tudo bem, foi o tempo dela, se ela nao tivesse pensado assim e assado provavelmente eu não estaria aqui". Essa vai ser a maior auto análise. Porque aí não vão haver tantos sentimentos envolvidos. *

Obrigada por esse toque, justamente hoje. Se fosse amanhã provavelmente não surtiria o sentido que vai surtir em mim hoje e nos próximos dias.

Wednesday 26 May 2010

Minha definição biológica.

Adoro quando aparece um inimigo, apesar que querer a aprovação de muitos, gosto da polêmica que crio e se pelo menos incomodo, é porque surtiu algum efeito. Sou a pessoa mais cheia de defeitos do mundo, mas engraçado, gostei desse meu novo inimigo implicante ! Prova que ele tem estilo.
Ele( ou ela ) mandou isso para o formspring de uma menina lá da minha turma, com quem tive alguns atritos, já passados.

"Julias requiations = nome cientifico [1]Animal a beira da extinção, nativo do Alto da boa vista , pode ser encontrada tambem perambulando pelos bairros do centro da cidade ou em cemitérios da região!
yesterday
[2] Sua pela é branca com manchas amareladas,oque ajuda na camufalagem, possui uma avantajada testa que usa para se defenser de predadores , graças a sua testa pod se dizer que ela nunca foi comida!!
yesterday
[3] Alem disso possui olheiras negras , pernas esguias e um orgão chamado de bexiga otorrina , peculiar nesta espécie, ela usa para se equilibrar !!
yesterday
[4] suas presas afiadas são amareladas , por conta da enorme quantidade de nicotina ingerida pelo animal,a nicotina é a base da sua alimentação , sua lingua afiada destila veneno poderoso
yesterday
[5] suas habilidades são , criar contenda e desavença por onde passa e é especialista em competir com outros animais, mesmo que perca sempre , ela não desiste , alem disso sua espécie cruza apenas com individuos do mesmo sexo. VESTIBULAR TA AI
yesterday"

E aí? o que acham? No fundo não concordam que é positivo nunca desistir?(mesmo que eu perca sempre?)
Achei o cúmulo da criatividade, apesar de me chamar de orelhuda, sapata, fumante e encalhada. HUAHEUAHE
By the way, quando alguém descobrir o que é a bexiga otorrina, me avisa.
E gostei muito da parte do "animal a beira da extinção", só mostra que sou rara. Gosto de ser rara.

Tuesday 25 May 2010

Julia?

Vivo em uma redoma de açúcar e contos de fadas. Apaixono-me fácil e desapaixono-me devagar. Todos os meus sonhos são quebradiços, e mesmo assim continuo sonhando e almejando os mesmos desejos de papel. Meus conflitos não são diferentes dos de qualquer garota da minha idade, talvez em tons mais profundos, porém iguais. Sofro muito, e a toa. Ajo quando devo pensar e penso demais quando devo agir. Mirabolo centenas de hipóteses a partir de um acontecimento tolo, e quando me vejo, estou chorando todos os cacos de uma vontade mal formulada e de uma existência vazia. Tenho um medo de ser rejeitada tão fora do normal que vejo retaliações e críticas por todos os lados. Fecho-me em minha ostra tentando preservar o menor resquício de pérola que eu possa vir a ter, mas quando percebo que não há nada, sinto-me o ser mais desprezível do mundo. Cometo sempre os mesmos erros, e nomeio isto minha personalidade - não há defeito mais horrível e imaturo que este. Fujo da minha responsabilidade de ser humano ao dizer " eu sou assim, nada me mudará". Síndrome de Gabriela? Estranho, pois sou sempre aquela que pergunta a todos o que veem de errado e o que sente falta em mim. Eu juro que tento mudar-me a partir destas opiniões requisitadas , e as vezes tiradas à força ( nada como a insistência pedante de uma adolescente em crise), mas sou fraca e covarde, a ponto de arquivar todas estas visões. Boicotar-me e segregar-me antes que outra pessoa venha e isto faça foi o melhor caminho que pude achar até agora. Meu físico não me agrada, apesar de saber que sim, sou desejada por muitos. talvez porque só eu, em minha intimidade, saiba exatamente como meu corpo é, e fora os defeitos existentes ( não poucos) eu estou sempre a achar mais um. Claro que sei que ninguém é perfeito, mas eu quero ser, e exijo de mim essa perfeição forçada e deforme. Resultado? Monto uma personagem idealizada, e de tempos em tempos me confundo com essa deusa infeliz. Passo horas imaginando meu futuro, tentando adivinhar se serei realmente do modo que pretendo, mas sei que não. Nasci assim, não adianta, morrerei assim. Mas continuo tentando e a cada fracasso fecho-me mais. Ao mesmo tempo que quero tenho medo de criar vínculos, talvez por causa de uma amizade que há muito me machucou. Ela era linda, inteligente e todos gostavam dela. E sei que ela também pensava isto de mim, a Julia é linda, inteligente e dela todos gostam ( não todos, isso foi num período meio turbulento, que ajudou a me encarcerar dentro de mim mesma e construir à minha volta uma teia de mentiras e necessidades sociais que por mais fortes que tenham me tornado enfraqueceram meu caráter de modo irreparável). Porém, ao invés da habitual inveja que uma situação como essa geraria nós criamos laços tão profundos que a distância dos anos (e agora a geográfica) não me impediram de torná-la minha maior confidente mais uma vez. Sinto-me feliz ao ver isso retornando, mas o que esse retorno pode ocasionar ao meu emocional ainda é um mistério. O medo de pular, já meu conhecido de tanto tempo, mostra-se cada vez mais doloroso quando o coração está envolvido. Desejo uma pessoa mas sei que não posso demonstrar, apenas se ele também o fizer, do contrário serei rejeitada mais uma vez. Claro que deixo transparecer da forma mais ingênua e apegada: ligo, mando mensagens pseudo-sedutoras, mas em verdade totalmente chorosas. Vivo dizendo " eu sei controlar meus instintos"! porém é mentira, nunca pe percebível nossa falta de auto-controle em situações banais. Mas, sob a perspectiva de se viver um romance escondido com um homem mais velho e experiente... Ah, aí nossos vultos afloram. Poucas vezes me senti tão vulnerável como agora. Talvez porque nunca tinha vivido uma situação que me permitisse sentir-me assim, ou talvez porque minha vida é tão desinteressante que fico buscando emoções fortes em coisas tão diárias. Claro que essa visão de que o que se passa agora em minha vida e uma aventura romântica é exclusivamente uma visão minha. Não sei se ele me vê como uma distração, se realmente gosta de mim ou se nao faz a menor diferença o final deste libretto. Só sei que essa história vem acontecendo apenas nos últimos dois meses, só o beijei uma vez, um único dia e que isto está me matando. O que aconteceu foi um nada comparado aos amores reais ou aos de ficção, mas em um determinado momento ele cogitou tão rápido o fim desse nada..."para não estragarmos o carinho e a amizade que havíamos conquistado". Por duas vezes ele disse isso. Mais nada sei. Meu peito é um turbilhão de sentimentos retidos ou manifestos a torto e a direito. Aparento ser uma mulher forte? Mentira, choro com o menor ados detalhes, detalhes estes imperceptíveis a qualquer outro mortal exceto essa tola que aqui escreve. As vezes também penso que devia ter nascido uma retirante morta de fome, porque aí sim eu teria reais motivos para ficar chorando pelos cantos da casa, buscando refletores e câmeras celestes, como se meu sofrimento supérfluo e gratuito fosse digno de atenção divina. Cansei de tentar ser diferente e descobrir-me igual a todo mundo. Cansei de tentar ser comum e ver-me sobressaída, assustada e chutada por um mar de pessoas que tentei agradar e não consegui. Meu umbigo não é o centro do mundo, e minha alma não é o microcosmo dos conflitos humanos. Cansei de gritar a plenos pulmões meus defeitos para ouvir tímidos porém insistentes elogios que me acalentam e afagam minha vaidade estúpida. Cansei da minha vaidade estúpida. Mas ainda dela dependo, do contrário desta Julia só restariam meras ruínas. Cansei de buscar minha identidade e acabar por me ver cada vez mais enredada for fúteis mentiras heróicas que nada fazem além de jogar meu ego nas alturas. Cansei do meu ego estúpido. Cansei do meu Eu estúpido. Cansei de mim.

Saturday 22 May 2010

Passamos a vida inteira tentando dar a ela um sentido, enquanto no final, descobrimos que não há nenhum. É uma visão triste e fatalista, assumo, mas vejamos por esse ponto: Independe o que se faz, todo mundo acaba igual. Talvez alguns sofram mais, sangrem um pouco, mas morreu, morreu. Há aqueles que consideram a morte antônimo da vida, como se as pessoas permanecessem mortas por anos. Ou então visualizam a morte como apenas uma passagem, uma etapa de segundos, e nada além. E os que veem como um fim. Fim. A crença n'um outro lado muda as atitudes das pessoas, fazem elas regularem suas vidas e ações a fim de ganhar seu espacinho embaixo da asa de Deus. Mera covardia. Medo do desconhecido. Mas o ser humano é covarde e medroso. Eu sou covarde e medrosa. Instinto de sobrevivência?

Saturday 8 May 2010

Desabafo.

Porque me arrasto aos seus pés?
Porque me dou tanto assim?
E porque não peço em troca?
Nada de volta pra mim?

Porque é que eu fico calado
Enquanto você me diz
Palavras que me machucam
Por coisas que eu nunca fiz?

Porque é que eu rolo na cama
E você finge dormir?
Mas se você quer eu quero
E não consigo fingir...

Você é mesmo essa mecha
De branco nos meus cabelos
Você pra mim é uma ponta
A mais dos meus pesadelos...

Mas acontece que eu
Não sei viver sem você
Às vezes me desabafo
Me desespero, porque?

Você é mais que um problema
É uma loucura qualquer
Mas sempre acabo em seus braços
Na hora que você quer...


Isso é lindo.
Por que dói tanto ter que escolher as nossas ações? Maldito livre-arbítrio!
Nós não somos capazes de determinar o que é melhor para nós mesmos, mas sendo nós os únicos responsáveis por nossa felicidade, isso reduz bastante as opções corretas.
Devemos nos arriscar? Devemos agir com prudência? Devemos nos arriscar prudentemente?
Como que devo aprender lidar com os inevitáveis julgamentos que relacionamentos ( de qualquer espécie) geram? Como lidar com meus medos, vergonhas e incertezas? São barreiras internas, só eu posso ultrapassá-las, mas como?
Uma vez me disseram que a palavra que move e atrapalha o mundo é o mas.... Mas agora vejo que é o como. Sabemos exatamente o que deve ser feito, mas tentar e errar , tentar e errar, isso não só cansa como desgasta. E machuca.

Coração batendo mais forte.... E eu sem saber se me arrisco ou não.